14 de novembro de 2007
Excelentíssimos Senhores Parlamentares,
Escrevo esta carta para pedir a não aprovação do projeto de lei 1153/95 (que regulamenta experimentos em animais), o que justifico e argumento a seguir.
Biólogos e outros cientistas, ligados em sua maioria à Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), estão pedindo urgência na aprovação de uma lei que regulamenta uma prática já bastante retrógrada, que é a experimentação animal. Eles declaram que os métodos de experimentação animal sejam insubstituíveis e 'absolutamente indispensáveis', o que não é verdade.
A ciência já avançou o suficiente para entender que o uso de animais em experimentos possui reduzido valor científico, uma vez que somos anatômica, biológica, genética, metabólica e psiquicamente distintos dos mesmos. Existem várias técnicas em substituição ao uso de animais em experimentos, dentre as quais: pesquisa clínica e epidemiológica; cultura celular e tissular; técnicas de imagens não invasivas (CAT, PET, MRI); teste AMES; placenta; farmacologia quanta; eyetex; cromatografia e espectroscopia; autópsia e estudos “Post-Mortem”; corrositex. Isso sem falar dos modernos processos de análise genômica e sistemas biológicos in vitro, que vêm sendo
muito bem utilizados também por pesquisadores brasileiros. Vacinas, por sua vez, podem ser fabricadas a partir da cultura de células do próprio homem.
A FeSBE preparou um abaixo-assinado pela aprovação do PL 1153, cujo texto menciona o desenvolvimento da vacina contra a paralisia infantil como exemplo de uma conquista obtida graças à experimentação animal. Curiosamente, de acordo com o Dr. Albert Sabin, criador da vacina contra a pólio usada em todo o Brasil, pesquisas em animais prejudicaram o desenvolvimento da vacina, que não necessitou do uso de animais nos
experimentos (ver segunda página do artigo em http://www.lia.ufsc.br/CienciaHoje_2004.pdf). Sabin reconheceu que o fato de ter realizado pesquisas em macacos Rhesus atrasou a descoberta da vacina para a pólio. Ao constatar que a sua vacina contra paralisia infantil causou poliomielite e/ou câncer em vários macacos, ele declarou: 'É tempo de acabar com experiências em animais, porque elas não são relevantes para os humanos'.
A produção de vacinas pela Fundação Oswaldo Cruz não teria que parar, como alegam certos cientistas, caso a experimentação em animais fosse proibida, pois o que já está desenvolvido não precisa ser novamente testado. Apenas a pesquisa e o desenvolvimento teriam que mudar para métodos substitutivos, mas não parar. Estudos clínicos, pesquisas in-vitro, autópsias, modelos computadorizados e pesquisas em genética e epidemiologia não apresentam perigo para os seres humanos e propiciam resultados precisos. Além disso, o acompanhamento de toda droga após seu lançamento no mercado é necessário.
Infelizmente, apesar de todo o progresso feito na área, existe o comodismo e a inércia de muitos cientistas, que praticam a experimentação animal e a vivisecção apenas porque seus mestres também as praticavam, e assim sucessivamente, mantendo essa prática como uma tradição enraizada e desestimulando a pesquisa em métodos alternativos e substitutivos. Em nome dessa tradição, os pesquisadores cometem terríveis atrocidades com os animais, em franco desrespeito à lei de crimes ambientais (9605/98). Ao invés dos ratinhos brancos que geralmente ilustram as matérias relacionadas à experimentação animal, deveriam ser usadas algumas das fotos disponíveis em http://www.pea.org.br/crueldade/testes/tfotos.htm e
http://ajudaranimais.multiply.com/photos/album/14, as quais são bem mais representativas da realidade das pesquisas bizarras e cruéis feitas com animais. Se essas pesquisas são tão positivas para a humanidade, como dizem os cientistas, por que eles nunca divulgam as imagens mostradas?
Muitas dessas pesquisas que envolvem experiências com animais servem apenas para justificar a solicitação de mais recursos e verbas públicos ao MEC e ao MCT, sem terem uma efetiva contribuição científica a dar. E eu, como contribuinte, não estou disposto a pagar por essa má ciência, dando dinheiro público para massagear o ego de certos cientistas. Os recursos assim desperdiçados poderiam ser dedicados à educação do público sobre perigos para a saúde e como preservá-la, diminuindo assim a incidência de doenças que requerem tratamento.
Finalmente, muita coisa pesquisada em animais não funciona em humanos. Testar novos medicamentos em animais e depois querer tirar conclusões para seres humanos é muito perigoso (ver lista dos 50 casos mais relevantes no final desta mensagem, casos estes que os cientistas não conseguem refutar). O simples bom senso cotidiano nos mostra: a cinomose, por exemplo, é uma virose que só ataca os cães, podendo levá-los à morte, e não tem cura. Entretanto, ela é inofensiva para humanos e mesmo para gatos, que não se contaminam. Já a toxoplasmose, só é transmitida pelas fezes de gatos contaminados, e não de cães. São evidências próximas da grande diferença de
metabolismo que existe entre o homem e esses dois animais, mesmo sendo todos mamíferos!!
Como justificar então, que se possa pegar uma espécie pra servir de modelo pra outra? Quem pode provar que isso é válido? Onde está a lógica?
Chamo vossa atenção para a crescente rejeição da sociedade contra a experimentação animal, manifestada através de organizações como a http://www.internichebrasil.org/ e a FBAV (Frente Brasileira para Abolição da Vivissecção) em http://www.geocities.com/Petsburgh/8205/?200716. Tempo, dinheiro e recursos humanos devotados aos experimentos com animais poderiam ter sido investidos em pesquisas com base em humanos. Experimentação animal não faz sentido. A prevenção de doenças e o lançamento de terapias eficazes para seres humanos está na ciência que tem como base os seres humanos.
Listo abaixo alguns argumentos científicos e sítios na internet, contendo fortes argumentos contra a experimentação em animais.
Atenciosamente,
Daniel Cardoso de Souza
“Todas as pesquisas que são realizadas em animais podem ser realizadas sem o uso dos mesmos. Esses estudos continuam sendo feitos nos animais porque os pesquisadores e seus orientadores aprenderam dessa forma e a Academia criou um falso mito de que, na verdade, a pesquisa precisa passar por essa fase de utilização de animais. Mas é um mito, não tem fundamento científico nenhum, simplesmente é uma coisa que no passado decidiu-se fazer e hoje se continua fazendo e ainda ninguém questionou. É uma pesquisa inútil”, afirma o biólogo Sérgio Greif.
A Academia Nacional de Ciências (National Academy of Sciences , NAS) – um órgão superior de consultoria científica do governo norte-americano – divulgou recentemente um relatório conclamando pela substituição dos imprevisíveis testes em animais por métodos mais confiáveis sem o uso de animais. Nesse relatório, disponível em
http://www.nap.edu/ openbook.php?isbn=0309100925&page=194, pode ser lido no início do seu Capítulo 7:
'There is a coordinated international effort to develop alternatives to animals for toxicity testing of environmental agents. Numerous methods have already been developed and validated to reduce, replace, or refine animal testing, and many more are under development in the United States and Europe. The effort to reduce animal use has generated some additional benefits. For example, some nonanimal methods provide useful mechanistic information that can offer insight into the likely human relevance of observed findings or may offer the ability to predict patterns of toxicity. Furthermore, some approaches that use alternative nonmammalian species allow testing of much larger numbers of organisms, thereby increasing statistical power for evaluating dose-response relationships at the low end of the curve.
This chapter reviews approaches specifically focused on alternatives to animal testing that reduce, replace, or refine animal use. One of the tensions in designing new chemical-testing strategies is between reducing animal use and suffering and regulatory needs for more information on a wider array of chemicals or more detailed information on a smaller group of chemicals. Russell and Burch (1992) provided a framework for addressing that tension. They proposed that scientists pursue techniques and approaches that follow the Three Rs, namely, methods that can replace or reduce animal use in specific procedures or refine animal use to eliminate or decrease animal suffering. Replacement, reduction, and refinement have also come to be known as alternative methods.'
Um conjunto de argumentos científicos e humanitários contra a experimentação em animais pode ser encontrado nos sítios abaixo:
http://www.peta.org/factsheet/files/FactsheetDisplay.asp?ID=87
http://www.stopanimaltests.org/index.aspx
http://books.nap.edu/openbook.php?record_id=11970&page=35
http://www.pegadas.iol.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=631&Itemid=180
Para concluir, listo abaixo cinqüenta conseqüências fatais da experimentação em animais, com as referências de cada uma. Gostaria de ver os cientistas da FeSBE refutarem cada um dos itens abaixo. Eles não podem, e evitam tocar nesses assuntos, que desmascaram como a experimentação em animais é inconclusiva, cara, demorada e anti-ética.
01) Pensava-se que fumar não provocava câncer, porque câncer relacionado ao fumo é difícil de ser reproduzido em animais de laboratório. As pessoas continuaram fumando e morrendo de câncer. (2)
02) Embora haja evidências clínicas e epidemiológicas de que a exposição à benzina causa leucemia em humanos, a substância não foi retida como produto químico industrial. Tudo porque testes apoiados pelos fabricantes para reproduzir leucemia em camundongos a partir da exposição à benzina falharam. (1)
03) Experimentos em ratos, hamsters, porquinhos-da-índia e macacos não revelaram relação entre fibra de vidro e câncer. Não até 1991, quando, após estudos em humanos, a OSHA - Occupational, Safety and Health Administration - os rotulou de cancerígenos (1)
04) Apesar de o arsênico ter sido reconhecido como substância cancerígena para humanos por várias décadas, cientistas encontraram poucas evidências em animais. Só em 1977 o risco para humanos foi estabelecido (6), após o câncer ter sido reproduzido em animais de laboratório. (7) (8) (9)
05) Muitas pessoas expostas ao amianto morreram, porque cientistas não conseguiram produzir câncer pela exposição da substância em animais de laboratório.
06) Marca-passos e válvulas para o coração tiveram seu desenvolvimento adiado, devido a diferenças fisiológicas entre humanos e os animais para os quais os aparelhos haviam sido desenhados.
07) Modelos animais de doenças cardíacas falharam em mostrar que colesterol elevado e dieta rica em gorduras aumentam o risco de doenças coronárias. Em vez de mudar hábitos alimentares para prevenir a doença, as pessoas mantiveram seus estilos de vida com falsa sensação de segurança.
08) Pacientes receberam medicamentos inócuos ou prejudiciais à saúde, por causa dos resultados de modelos de derrame em animais.
09) Erroneamente, estudos em animais atestaram que os Bloqueadores Beta não diminuiriam a pressão arterial em humanos, o que evitou o desenvolvimento da substância (10) (11) (12). Até mesmo os vivisseccionistas admitiram que os modelos de hipertensão em animais falharam nesse ponto. Enquanto isso, milhares de pessoas foram vítimas de derrame.
10) Cirurgiões pensaram que haviam aperfeiçoado a Keratotomia Radial (cirurgia para melhorar a visão) em coelhos, mas o procedimento cegou os primeiros pacientes humanos. Isso porque a córnea do coelho tem capacidade de se regenerar internamente, enquanto a córnea humana se regenera apenas superficialmente. Atualmente, a cirurgia é feita apenas na superfície da córnea humana.
11) Transplantes combinados de coração e pulmão também foram 'aperfeiçoados' em animais, mas os primeiros três pacientes morreram nos 23 dias subseqüentes à cirurgia (13). De 28 pacientes operados entre 1981 e 1985, 8 morreram logo após a cirurgia, e 10 desenvolveram Bronquiolite Obliterante, uma complicação pulmonar que os cães submetidos aos experimentos não contraíram. Dos 10, 4 morreram e 3 nunca mais conseguiram viver sem o auxílio de um respirador artificial. Bronquiolite obliterante passou a ser o maior risco da operação (14)
12) Ciclosporin A inibe a rejeição de órgãos e seu desenvolvimento foi um marco no sucesso dos transplantes. Se as evidências irrefutáveis em humanos não tivessem derrubado as frágeis provas obtidas com testes em animais, a droga jamais teria sido liberada. (15)
13) Experimentos em animais falharam em prever toxidade nos rins do anestésico geral metoxyflurano. Muitas pessoas que receberam o medicamento perderam todas as suas funções renais.
14) Testes em animais atrasaram o início da utilização de relaxantes musculares durante anestesia geral.
15) Pesquisas em animais não revelaram que algumas bactérias causam úlceras, o que atrasou o tratamento da doença com antibióticos.
16) Mais da metade dos 198 medicamentos lançados entre 1976 e 1985 foram retirados do mercado ou passaram a trazer nas bulas efeitos colaterais, que variam de severos a imprevisíveis (16). Esses efeitos incluem complicações como disritmias letais, ataques cardíacos, falência renal, convulsões, parada respiratória, insuficiência hepática e derrame, entre outros.
17) Flosin (Indoprofeno), medicamento para artrite, testado em ratos, macacos e cães, que o toleraram bem. Algumas pessoas morreram após tomar a droga.
18) Zelmid, um antidepressivo, foi testado sem incidentes em ratos e cães. A droga provocou sérios problemas neurológicos em humanos.
19) Nomifensina, um outro antidepressivo, foi associado a insuficiência renal e hepática, anemia e morte em humanos. Testes realizados em animais não apontaram efeitos colaterais.
20) Amrinone, medicamento para insuficiência cardíaca, foi testado em inúmeros animais e lançado sem restrições. Humanos desenvolveram trombocitopenia, ou seja, ausência de células necessárias para coagulação.
21) Fialuridina, uma medicação antiviral, causou danos no fígado de 7 entre 15 pessoas. Cinco acabaram morrendo e as outras duas necessitaram de transplante de fígado. (17) A droga funcionou bem em marmotas. (18) (19)
22) Clioquinol, um antidiarréico, passou em testes com ratos, gatos, cães e coelhos. Em 1982 foi retirado das prateleiras em todo o mundo após a descoberta de que causa paralisia e cegueira em humanos.
23) A medicação para a doença do coração Eraldin provocou 23 mortes e casos de cegueira em humanos, apesar de nenhum efeito colateral ter sido observado em animais. Quando lançado, os cientistas afirmaram que houve estudos intensivos de toxidade em testes com cobaias. Após as mortes e os casos de cegueira, os cientistas tentaram sem sucesso desenvolver em animais efeitos similares aos das vítimas. (20)
24) Opren, uma droga para artrite, matou 61 pessoas. Mais de 3500 casos de reações graves têm sido documentados. Opren foi testado sem problemas em macacos e outros animais.
25) Zomax, outro medicamento para artrite, matou 14 pessoas e causou sofrimento a muitas.
26) A dose indicada de isoproterenol, medicamento usado para o tratamento de asma, funcionou em animais. Infelizmente, foi tóxico demais para humanos, provocando na Grã-Bretanha a morte de 3500 asmáticos por overdose. Os cientistas ainda encontram dificuldades de reproduzir resultados semelhantes em animais. (21) (22) (23) (24) (25) (26)
27) Metisergide, medicamento usado para tratar dor de cabeça, provoca fibrose retroperitonial ou severa obstrução do coração, rins e veias do abdômen. (27) Cientistas não estão conseguindo reproduzir os mesmos efeitos em animais. (28)
28) Suprofen, uma droga para artrite, foi retirada do mercado quando pacientes sofreram intoxicação renal. Antes do lançamento da droga, os pesquisadores asseguraram que os testes tiveram (29) (30) 'perfil de segurança excelente, sem efeitos cardíacos, renais ou no SNC (Sistema Nervoso Central) em nenhuma espécie'.
29) Surgam, outra droga para artrite, foi designada como tendo fator protetor para o estômago, prevenindo úlceras, efeito colateral comum de muitos medicamentos contra artrite. Apesar dos resultados em testes feitos em animais, úlceras foram verificadas em humanos (31) (32).
30) O diurético Selacryn foi intensivamente testado em animais. Em 1979, o medicamento foi retirado do mercado depois que 24 pessoas morrerem por insuficiência hepática causada pela droga. (33) (34)
31) Perexilina, medicamento para o coração, foi retirado do mercado quando produziu insuficiência hepática não foi prognosticada em estudos com animais. Mesmo sabendo que se tratava de um tipo de insuficiência hepática específica, os cientistas não conseguiram induzi-la em animais. (35)
32) Domperidone, droga para o tratamento de náusea e vômito, provocou batimentos cardíacos irregulares em humanos e teve que ser retirada do mercado. Cientistas não conseguiram produzir o mesmo efeito em cães, mesmo usando uma dosagem 70 vezes maior. (36) (37)
33) Mitoxantrone, usado em um tratamento para câncer, produziu insuficiência cardíaca em humanos. Foi testado extensivamente em cães, que não manifestaram os mesmos sintomas. (38) (39)
34) A droga Carbenoxalone deveria prevenir a formação de úlceras gástricas, mas causou retenção de água a ponto de causar insuficiência cardíaca em alguns pacientes. Depois de saber os efeitos da droga em humanos, os cientistas a testaram em ratos, camundongos, macacos e coelhos, sem conseguirem reproduzir os mesmos sintomas. (40) (41)
35) O antibiótico Clindamicyn é responsável por uma condição intestinal em humanos chamada colite pseudomembranosa. O medicamento foi testado em ratos e cães, diariamente, durante um ano. As cobaias toleraram doses 10 vezes maiores que os seres humanos. (42) (43) (44)
36) Experiências em animais não comprovaram a eficácia de drogas como o valium, durante ou depois de seu desenvolvimento (45) (46)
37) A companhia farmacêutica Pharmacia & Upjohn descontinuou testes clínicos dos comprimidos de Linomide (roquinimex) para o tratamento de esclerose múltipla, após oito dos 1200 pacientes sofrerem ataques cardíacos em conseq¸ência da medicação. Experimentos em animais não previram esse risco.
38) Cylert (pemoline), um medicamento usado no tratamento de Déficit de Atenção/Hiperatividade, causou insuficiência hepática em 13 crianças. Onze delas ou morreram ou precisaram de transplante de fígado.
39) Foi comprovado que o Eldepryl (selegilina), medicamento usado no tratamento de Doença de Parkinson, induziu um grande aumento da pressão arterial dos pacientes. Esse efeito colateral não foi observado em animais, durante o tratamento de demência senil e desordens endócrinas.
40) A combinação das drogas para dieta fenfluramina e dexfenfluramina - ligadas a anormalidades na válvula do coração humano - foram retiradas do mercado, apesar de estudos em animais nunca terem revelado tais anormalidades. (47)
41) O medicamento para diabetes troglitazone, mais conhecido como Rezulin, foi testado em animais sem indicar problemas significativos, mas causou lesão de fígado em humanos. O laboratório admitiu que ao menos um paciente morreu e outro teve que ser submetido a um transplante de fígado. (48)
42) Há séculos a planta Digitalis tem sido usada no tratamento de problemas do coração. Entretanto, tentativas clínicas de uso da droga derivada da Digitalis foram adiadas porque a mesma causava pressão alta em animais. Evidências da eficácia do medicamento em humanos acabaram invalidando a pesquisa em cobaias. Como resultado, a digoxina, um análogo da Digitalis, tem salvo inúmeras vidas. Muitas outras pessoas poderiam ter sobrevivido se a droga tivesse sido lançada antes. (49) (50) (51) (52)
43) FK506, hoje chamado Tacrolimus, é um agente anti-rejeição que quase ficou engavetado antes de estudos clínicos, por ser extremamente tóxico para animais. (53) (54) Estudos em cobaias sugeriram que a combinação de FK506 com cyclosporin potencializaria o produto. (55) Em humanos ocorreu exatamente o oposto. (56)
44) Experimentos em animais sugeriram que os corticosteróides ajudariam em casos de choque séptico, uma severa infecção sang¸ínea causada por bactérias. (57) (58). Em humanos, a reação foi diferente, tendo o tratamento com corticosteróides aumentado o índice de mortes em casos de choque séptico. (59)
45) Apesar da ineficácia da penicilina em coelhos, Alexander Fleming usou o antibiótico em um paciente muito doente, uma vez que ele não tinha outra forma de experimentar. Se os testes iniciais tivessem sido realizados em porquinhos-da-índia ou em hamsters, as cobaias teriam morrido e talvez a humanidade nunca tivesse se beneficiado da penicilina. Howard Florey, ganhador do Premio Nobel da Paz, como co-descobridor e fabricante da penicilina, afirmou: 'Felizmente não tínhamos testes em animais nos anos 40. Caso contrário, talvez nunca tivéssemos conseguido uma licença para o uso da penicilina e, possivelmente, outros antibióticos jamais tivessem sido
desenvolvidos.
46) No início de seu desenvolvimento, o flúor ficou retido como preventivo de cáries, porque causou câncer em ratos. (60) (61) (62)
47) As perigosas drogas Talidomida e DES foram lançadas no mercado depois de serem testadas em animais. Dezenas de milhares de pessoas sofreram com o resultado (*nota do tradutor: A Talidomina foi desenvolvida em 1954 destinada a controlar ansiedade, tensão e náuseas. Em 1957 passou a ser comercializada e em 1960 foram descobertos os efeitos teratogênicos provocados pela droga, quando consumida por gestantes: durante os 3 primeiros meses de gestação interfere na formação do feto, provocando a
focomelia que é o encurtamento dos membros junto ao tronco, tornando-os semelhantes aos de focas.)
48) Pesquisas em animais produziram dados equivocados sobre a rapidez com que o vírus HIV se reproduz. Por causa do erro de informação, pacientes não receberam tratamento imediato e tiveram suas vidas abreviadas.
49) De acordo com o Dr. Albert Sabin, pesquisas em animais prejudicaram o desenvolvimento da vacina contra o pólio. A primeira vacina contra pólio e contra raiva funcionou bem em animais, mas matou as pessoas que receberam a aplicação.
50) Muitos pesquisadores que trabalham com animais ficam doentes ou morrem devido à exposição a microorganismos e agentes infecciosos inofensivos para animais, mas que podem ser fatais para humanos, como por exemplo o vírus da Hepatite B.
1. Sax, N. Cancer-causing Chemicals Van Nostrand 1981
2. Lancet, June 25, 1977 p1348-9
3. The Guardian, July 20, 1991
4. Occupational Lung Disorders, Butterworth 1982
5. Toxicology & Industrial Health, 1990, vol.6, p293-307
6. J Nat Cancer Inst 1969, vol.42, 1045-52
7. Br J Cancer, 1947, vol.1, p 192-251
8. Advances in Modern Toxicology, vol.2, Wiley, 1977
9. J Nat Cancer Inst, 1962, vol.5, p 459
10. Fitzgerald, D. The development of new cardiovascular drugs in Recent
Developments in Cardiovascular Drugs eds. Coltart and Jewitt, Churchill
Livingstone 1981
11. Perspectives in Biology & Medicine, 1980 Part 2, S9-S24
12. Pharmacy International Feb. 1986; p33-37
13. Lancet, i, p 130-2, 1983
14. Lancet, 1, no. 8480 p 517-9, March 8, 1996
15. Annals of Internal Medicine 1984, vol.101, 667-682
16. GAO/PEMD-90-15 FDA Drug Review: Postapproval Risks 1976-1985
17. NEJM 333;1099-1105, 1995
18. J NIH Res, 1993, 5, 33-35
19. Nature, 1993, July 22, p 275
20. Nature, 1982, April 1, p 387-90 and Br Med J, 1983, Jan 15, p 199-202
and Drug Monitoring, 1977 and Pharmacologist, 1964, vol. 6, p 12-26 and
Pharmacology: Drug Actions and Reac and Advances in Pharm, 1963, vol. 2,
1-112 and Nature, 1982, April 1, p 387-390
21. Pharmacologist, 1971, vol.18, p 272
22. Br J of Pharm 1969Vol. 36; p35-45
23. Inman, W. H. Monitoring for Drug Safety, MTP Press, 1980
24. Am Rev Resp Diseases, 1972, vol.105, p883-890
25. Lancet, 1979, Oct.27, p 896
26. Toxicology and Applied Pharmacology 1965, vol. 7; p1-8
27. Animal Toxicity Studies: Their Relevance for Man, Quay Pub. 1990
28. Br Med J, 1974, May 18, p 365-366
29. Drug Withdrawl from Sale PJB Publications, 1988
30. Pharmacology, 1983, vol.27(suppl 1), 87-94 and FDA Drug Review:
Postapproval Risks 1976-1985 (US GAO April 1990
31. Gut, 1987, vol.28, 515-518
32. Lancet, Jan 10, 1987, 113-114
33. Toxicolo Letters, 1991, vol.55, p 287-93
34. Drug Withdrawl from Sale, PJB1988
35. Reg Tox & Pharm,1990,vol.11,288-307 and Postgraduate Med J, 1973,
vol.49, April Suppl., 125-129 and 130
36. Drugs, 1982, vol.24, p 360-400
37. Animal Toxicity Studies Quay, 1990
38. Lancet, 1984, July 28, p 219-220
39. Matindale: The Extra Pharmacopoeia, 29th edition, Pharmaceutical Press,
1989)
40. Br Nat Form, no.26, 1993
41. Reg Tox & Pharm, 1990, vol.11, p 288-307
42. Br Med J, 1983, Jan 15, p 199-202
43. Br Nat Form, no.26, 1993
44. Tox & Appl Pharm, 1972, vol. 21, p 516-531
45. The Benzodiazepines MTP Press1978
46. Drugs and Therapeutics Bulletin,1989, vol.27, p 28
47. as quoted in Activate For Animals Oct. 1997 The American Antivivisection
Society
48. Parke-Davis letter dated Oct. 31, 1996
49. Sneader, W. Drug Discovery: The Evolution of Modern Medicine Wiley, 1985
50. Lewis, T. Clinical Science Shaw & Sons Ltd. 1934
51. Federation Proceedings 1967, vol.26, 1125-30
52. Toxicology In Vitro 1992, vol.6, 47-52 / 53. JAMA, 1990, April 4, p1766
54. Lancet,1989, July 22, p 227
55. Lancet, 1989, Oct 28, p1000-1004
56. Hepatology,1991, vol.13, 1259-1260
57. Drugs and Therapeutics Bulletin, 1990, vol.28, p 74-75
58. Anesthesiology: Proceedings of the VI World Congress of Anesthesiology,
Mexico City 1977
59. NEJM, 1987, Sep. 10, p 653-658
60. The Causes of Cancer, 1981, Oxford Press
61. J NIH Res, 1991, vol.3, p46
62. Nature, 1991, Feb 28, p732
Nenhum comentário:
Postar um comentário